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Controle biológico reduz infestação de praga e mantém o bananal sadio com produtividade mais elevada


A produtividade média em Pernambuco é de dez toneladas por hectare/ano

Num tempo em que os produtos orgânicos, livres de agrotóxicos, ganham espaços cada vez maiores nas gôndolas dos supermercados e nas feiras livres da Capital e do Interior, o controle biológico de pragas e doenças tem sido um dos aliados mais importantes no aumento da produtividade e no ganho de liquidez na hora de comercializar os gêneros da agricultura familiar. Isso, sem falar nas questões referentes à sustentabilidade ambiental.

Segunda cultura em importância econômica para a Zona da Mata Pernambucana, perdendo apenas para a cana-de-açúcar, a banana vem recebendo do Instituto Agronômico de Pernambuco uma atenção especial, voltada ao controle do besouro popularmente conhecido como moleque-da-bananeira. A ação se dá por meio do uso de iscas embebidas numa solução aquosa à base do fungo Beauveria bassiana, resultado das pesquisas desenvolvidas pelo pesquisador do IPA Gilson Melo, na década de 1980. Ao entrar em contato com a isca, o inseto é contaminado pelo fungo e morre aproximadamente em uma semana.

A redução das populações do moleque-da-bananeira e, consequentemente, de sua larva – esta responsável pelo ataque direto à planta e que pode culminar com o tombamento da bananeira – serve, até hoje, de referência no combate às infestações em bananais de norte a sul do país. Só em Pernambuco estima-se a existência de 40 mil hectares cultivados com banana, estando a grande maioria dos bananais distribuídos entre a Zona da Mata Norte, principalmente nos municípios de Machados, Vicência e São Vicente Férrer, e as lavouras irrigadas do Vale do São Francisco. A cultura é encontrada, ainda, distribuída em diversas regiões do Agreste e Sertão.

De acordo com o pesquisador e especialista no cultivo da bananeira do IPA, Luiz Gonzaga Bione Ferraz, a produtividade no Estado é considerada baixa, em média, dez toneladas por ha/ano, o que totaliza 400 mil toneladas anuais nos 40 mil hectares cultivados. “Além do moleque-da-bananeira e doenças, como a sigatoka amarela, que pode reduzir a produtividade em até 50%, a prática de tratos culturais inadequados impede que a cultura ganhe maior expressividade econômica”, destacou.
Gonzaga Bione disse que o papel do Beauveria bassiana é parasitar o besouro levando-o à morte e, em consequência, contaminando outros indivíduos, provocando um efeito em cadeia. Com isso, impede-se o ciclo reprodutivo do inseto, evitando o surgimento das larvas, responsáveis pelos danos aos bananais, uma vez que se alojam e se alimentam do rizoma, provocando perda de produção e em caso de infestações maiores, o tombamento das plantas.

O pesquisador em fitossanidade do IPA, Vanildo Cavalcanti, explicou que os laboratórios do instituto têm capacidade para produzir mais de uma tonelada deBeauveria bassiana por mês, sendo aplicado um total de 50 iscas no formato de telha por hectare. Há ainda, uma técnica de manejo na qual o fungo, diluído em água, é pulverizado em material orgânico (lixão), resultado da limpa dos bananais e colocado entre as fileiras. “Essa prática é bastante simples e contamina qualquer besouro que entre em contato com a solução, afirmou”.

Vanildo Cavalcanti falou que,  por se tratar de um organismo vivo, o Beauveria bassiana é produzido por encomenda, sendo o maior pico de demanda nos períodos chuvosos. “Atualmente, o IPA está com uma encomenda de 100 quilos do produto, que leva 15 dias para atingir o ponto de comercialização, sendo multiplicado em um meio de cultura específico. Um dos mais utilizados é o arroz”, disse.

Com quatro hectares cultivados com banana, no município de Machados, Zona da Mata Norte pernambucana, o agricultor José Ribamar Araújo afirmou que nos últimos anos a praga do moleque-da-bananeira tem diminuído na região, o que tem melhorado a produção e reduzido às perdas. Segundo ele, além do controle biológico mais efetivo feito há alguns anos, a introdução de mudas da variedade pacovan, mais produtiva, tem possibilitado um ganho substancial na hora da comercialização. “Houve épocas em que os ataques eram bem mais intensos, mas ultimamente não tem havido infestações que comprometam de forma grave a planta e, consequentemente, do fruto”, argumentou. Ascom/IPA

 FOTOS: Luiz Gonzaga Bione Ferraz
Blog Bruno Brito

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