Impulsionados pelas denúncias recentes de corrupção na compra de vacinas, partidos políticos, representantes da sociedade civil e ex-aliados do governo entregaram à Câmara, nesta quarta-feira, 30, um "superpedido" de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O documento reúne o conteúdo dos 122 pedidos já protocolados e aponta mais de 20 crimes cometidos pelo chefe do Executivo desde que assumiu o Palácio do Planalto.
Para que o processo de impeachment seja levado adiante, é preciso que seja pautado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro. A oposição aposta na pressão das ruas, que pode aumentar diante das denúncias envolvendo supostas irregularidades nas negociações pela vacina Covaxin e pedido de propina em tratativas pela AstraZeneca.
O “superpedido” é assinado pelos presidentes de partidos como PT, PDT, PSB, PCdoB, PSol, PCB, PSTU, PCO, Cidadania e Rede. Além deles, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), a Coalizão Negra por Direitos e outras entidades civis apoiam a iniciativa. O pedido também leva a assinatura de ambientalistas, advogados e ex-aliados do presidente, como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP).
"As últimas denúncias trazem ainda mais força ao nosso pedido", disse o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara. Entre as condutas criminosas que teriam sido cometidas por Bolsonaro e embasam o impeachment, o documento cita crime contra o livre exercício dos Poderes, pelas ameaças ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e interferência na Polícia Federal.
Outros crimes apontados são os de violação dos direitos sociais assegurados na Constituição e crime contra a segurança interna do país, pelas omissões e erros no combate à pandemia. Bolsonaro também teria permitido a infração de lei federal de ordem pública, ao promover movimentos contra o isolamento social na pandemia. (Veja mais abaixo)
Em coletiva de imprensa, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que o pedido consolida em uma peça os crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente. "Começamos aqui a escala de uma luta para livrar o Brasil. Tenho certeza que ela, junto com a luta nas ruas, vai nos fazer chegar ao objetivo de que esse governo caia", disse.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) e a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) também discursaram, ao lado de parlamentares de esquerda. "Não se trata de uma questão ideológica, se trata do nosso Brasil. Temos hoje o pior presidente da história da República, o homem que atacou todas as instituições", disse Joice, que já foi líder do governo no Congresso, no início do mandato de Bolsonaro.
Kataguiri ressaltou que, "em condições normais da democracia", ele jamais estaria no mesmo palanque dos colegas da esquerda. "Mas como seria a minha pequenez ou mesquinhez se eu me negasse a fazer parte, a continuar com a convicção, com o ideal de derrubar um dos presidentes da República mais criminosos da história do nosso país em razão de picuinha ideológica. Não. É algo maior que existe aqui. É algo histórico", disse.
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