A quarentena teve seu lado positivo para que, com tempo, as pessoas buscassem mais informações e observassem os detalhes que muitas vezes passam batidos diante da correria do dia a dia. Foi assim que o designer pernambucano Pedro Albuquerque Xavier percebeu desencontros na bandeira do Estado. E, a partir de iniciativa autônoma e voluntária, propôs normatização para que o símbolo máximo de Pernambuco pudesse passar por atualização e validação de vários elementos 103 anos depois da lei que a definia, em publicação do Diário Oficial de 1917. E, tal iniciativa, virou o Projeto de Lei n° 1724/2020 – sancionado esta semana.
Foi preciso mergulhar em uma pesquisa profunda, leia-se Hemeroteca Nacional e bancos de imagens abertos, para poder investigar cores e traços que estavam divergentes em diversas aplicações ao longo das décadas. Para que esse trabalho pudesse ter peso e solidez, Pedro buscou o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) para embasamento com mais detalhes no projeto especial. “A bandeira usada no selo comemorativo de 2017 tinha um sol diferente da hasteada na frente do Palácio do Governo que, por sua vez, era desigual da suspensa em eventos públicos lá em Petrolina. As principais variações, ao olho nu, eram os desenhos do sol, afinal cada um era construído de um modo, com raios maiores que outros, ou raios curvos e outros retos, e até elementos como boca, olhos e a falta do arco-íris”, destaca.
Pedro propôs duas sugestões de Ordem Legal e em respeito à memória coletiva, como o uso da cor verde no arco, ao invés do branco, e amarelo na estrela e no sol, no lugar do ouro definido na lei. Além disso, definição do desenho do astro-rei, com raios triangulares áureos e longos, bem como o estabelecimento da proporção da bandeira em versão 2:3 – mais usado no mundo das flâmulas. “Acredito que, como designer e pernambucano, era minha obrigação procurar isso, pois mesmo que existisse, não estava aos olhos do povo que tanto ama essa bandeira e faz questão de carregá-la, levar a nossa cultura mundo afora”, enfatiza.
Em tempo, esse projeto autoral de Pedro também visa dar maior visibilidade ao Estado como um todo. “Com a imagem bem definida, podemos incentivar a aplicação em todos os meios de comunicação digitais e físicos, e protocolos cerimoniais, assim como o artesanato, passando pelos softwares desenvolvidos no Porto Digital até os vinhos produzidos às margens do Rio São Francisco”, pontua. “Eu não sei se fui o primeiro a notar isso, talvez tenha sido o primeiro com articulações, ferramentas e tempo para pesquisar e formalizar uma proposta. Sem a Internet essa pesquisa não seria possível. Sem as redes sociais, esse questionamento não sairia de um círculo curto de pessoas. No fim das contas, é a sensação de ter feito um trabalho que é pago com uma felicidade de me saber pernambucano. Ver que meu ofício serve ao meu lugar, à minha terra”, conclui o designer. (diáriodepernambuco)
Blog Bruno Brito
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