No coração do sertão pernambucano, a cidade de Afrânio vive um drama cotidiano que atinge diretamente a dignidade de seus moradores: bairros inteiros passam, em média, 50 dias sem abastecimento de água. A escassez, que já se tornou parte da rotina da população, obriga famílias a recorrerem a carros-pipa ou buscar alternativas improvisadas para ter acesso ao recurso mais básico da vida.
O cenário, que por si só já é alarmante, piorou com a adoção de uma nova medida por parte da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento). A estatal passou a cobrar R$ 21 por mil litros de água para quem busca o recurso diretamente nos pontos de abastecimento, dificultando ainda mais o acesso à água potável.
A medida é considerada por moradores como “desumana e vergonhosa”, especialmente diante da ausência de soluções concretas e da falta de investimentos estruturais que resolvam o problema de forma definitiva.
Apesar da gravidade da situação, chama atenção o silêncio da maioria da população. Enquanto o acesso à água direito fundamental garantido pela Constituição é violado de forma sistemática, poucos se mobilizam para cobrar respostas ou exigir providências.
“Parece que parte da população se acostumou com o descaso. É mais fácil discutir política partidária como se fosse futebol do que lutar por dignidade”, comentou um morador que preferiu não se identificar.
Representatividade limitada e promessas esquecidas, dos representantes eleitos, apenas dois vereadores tem se manifestado publicamente em busca de explicações e soluções, o vereador Osvaldo Cavalcanti e a vereadora Romayne Macedo. A postura omissa da maioria do legislativo municipal se soma ao distanciamento do Governo do Estado, que parece ignorar a realidade do sertão.
A luta pelo acesso à água potável deve ser prioridade absoluta. Sem pressão popular, sem mobilização e sem consciência dos direitos, a negligência tende a se perpetuar.
A esperança é que a voz da população de Afrânio não continue calada por muito mais tempo e que o poder Legislativo e o Executivo se juntem nessa luta em prol do líquido mais precioso.
Blog Bruno Brito
0 Comentários